Alongamento e mobilidade

 


Frequentemente a mobilidade e o alongamento são confundidos como sinônimos. Enquanto o primeiro tem influência considerável nos aspectos relacionados à motricidade humana já que articula um conjunto ativo articular do corpo que inclui as fáscias, o segundo engloba uma estrutura que envolve a articulação propriamente dita. Então a mobilidade está mais associada à coordenação motora durante a realização de atividades, enquanto que o alongamento promove a amplitude de movimento.

Pegando essa linha de raciocínio e considerando a flexibilidade da coluna vertebral em humanos como a habilidade em tocar os dedos dos pés com as mãos, estudos conduzidos pelas equipes de Yamamoto e Nishiwaki cujas referências se encontram abaixo, concluíram que, independentemente do condicionamento cardiorrespiratório, da força muscular de cada um, sexo, idade e pressão arterial, um corpo menos flexível indica uma maior rigidez das artérias mesmo em pessoas jovens do sexo masculino, ao passo que, para as pessoas do sexo feminino, essa correlação foi encontrada apenas na população idosa.

Um estudo com intervenção realizou cinco sessões semanais de alongamento supervisionado de 30 minutos cada, durante quatro semanas. Em comparação ao grupo controle que não apresentou mudanças significativas, o grupo que sofreu intervenção apresentou maior alcance no teste de flexibilidade e uma menor rigidez arterial.

Mas o que é rigidez arterial?

Bom, usamos o termo “rigidez arterial”, que ocorre fisiologicamente ao longo do envelhecimento, para descrever a distensibilidade, complacência e elasticidade do sistema arterial. Ainda assim, fatores como diabetes mellitus, hipertensão arterial e predisposição genética estão associados a aceleração deste processo no qual as evidências científicas associam a um maior risco de eventos cardiovasculares.

Toda artéria é composta por três camadas e a mais interna é denominada de endotélio (endo=dentro). Suas células produtoras de óxido nítrico estão diretamente em contato com a corrente sanguínea e essa substância, o óxido nítrico, mantém o revestimento arterial liso e escorregadio para evitar que os glóbulos brancos e as plaquetas se fixem e causem inflamação bem como relaxa as células musculares lisas da camada média da parede arterial, evitando assim os espasmos e mantendo as artérias abertas.

Procure se alongar, criar essa espaçosidade interna para manter a flexibilidade arterial e vitalidade.

Referências:
Yamamoto K, Kawano H, Gando Y, Iemitsu M, et al. Poor trunk flexibility is associated with arterial stiffening. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2009 Oct;297(4):H1314-8.
Nishiwaki M, Kurobe K, Kiuchi A, Nakamura T, Matsumoto N. Sex differences in flexibility-arterial stiffness relationship and its application for diagnosis of arterial stiffening: a cross-sectional observational study. PLoS One. 2014 Nov 26;9(11):e113646.
Nishiwaki M, Yonemura H, Kurobe K, Matsumoto N. Four weeks of regular static stretching reduces arterial stiffness in middle-aged men. Springerplus. 2015 Sep 25;4:555.

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